Workshop na FOB discute pesquisas e inovações em saúde
Realizada em parceria com o InovaUSP de São Carlos, iniciativa é ponto de partida para o desenvolvimento de dispositivos e soluções para o cuidado da pessoa com deficiência auditiva, biomateriais para a Odontologia e novas aplicações das tecnologias de impressão 3D
Desenvolver um dispositivo auditivo de baixo custo com tecnologia praticamente toda nacional. Esta é uma das inovações que poderá ser viabilizada a médio prazo a partir de colaboração entre pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento da Universidade de São Paulo (USP).
A busca de soluções para os problemas e demandas da sociedade – especialmente na área da saúde – e o desenvolvimento de projetos conjuntos foi o foco central do Workshop FOB-USP e InovaUSP – Complexo São Carlos, realizado na Faculdade de Odontologia de Bauru no último dia 30 de junho.
A iniciativa reuniu pesquisadores da USP de Bauru e São Carlos e também de outras instituições, que apresentaram projetos de pesquisa inovadores e discutiram os desafios e possibilidades de parcerias. Além do desenvolvimento de dispositivos e soluções para o cuidado da pessoa com deficiência auditiva, o workshop também abordou linhas temáticas como biomateriais e novas tecnologias para a Odontologia e aplicações das tecnologias de impressão 3D no ensino e pesquisa em Odontologia e Fonoaudiologia.
O workshop contou com a participação do pró-reitor de Pesquisa e Inovação da USP, Paulo Alberto Nussenzveig; do pró-reitor adjunto de Inovação, Raul Gonzalez Lima (que enalteceu o trabalho realizado pelo HRAC e cuja filha nasceu com fissura palatina e fez tratamento com profissionais que atuaram e se especializaram na instituição); do coordenador do InovaUSP – Complexo São Carlos, Tito José Bonagamba; da diretora da FOB-USP, Marília Afonso Rabelo Buzalaf; e do vice-diretor da FOB-USP e superintendente do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho), Carlos Ferreira dos Santos.
De acordo com Marília Buzalaf, a iniciativa surgiu a partir de uma visita do professor Tito – que também é docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) – ao campus de Bauru em janeiro de 2023, na qual os dirigentes e docentes relataram desafios vivenciados, como o elevado custo dos dispositivos auditivos, que são importados, e sua grande demanda no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Um dos papéis do coordenador de Centro de Inovação é ter a percepção das possibilidades de ações conjuntas dentro da Universidade e como elas podem interagir e beneficiar a sociedade. Naquela visita, percebemos várias oportunidades e então propomos este workshop com temas que têm conectividade entre os nossos campi [de Bauru e São Carlos]”, explicou Tito Bonagamba. Para ele, um evento como esse induz um movimento orgânico de cooperação, favorecendo o aproveitamento do potencial de conhecimento da Universidade de forma multidisciplinar.
Já o professor Paulo Nussenzveig destacou que a Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da USP apoia entusiasticamente esta iniciativa da FOB e do InovaUSP de São Carlos. “O propósito de um evento como esse é colocar em prática [aquilo que se chama de] ecossistema de inovação, onde se tem centros que produzem conhecimento e que procuram interagir com a sociedade. O que está sendo feito aqui é uma conexão entre diferentes nós, uma troca de ideias que é muito salutar e que promove o avanço do conhecimento”, ressaltou.
O workshop foi um ponto de partida para o estabelecimento de colaborações que serão estratégicas. Agora, novas etapas e encontros deverão abranger detalhamentos técnicos e o delineamento dos projetos a serem desenvolvidos em conjunto.
Dispositivos e soluções auditivas
Uma proposta com grande potencial discutida neste primeiro workshop foi a possibilidade de se desenvolver um protótipo de dispositivo auditivo convencional de baixo custo, com tecnologia praticamente toda nacional.
“Hoje somos dependentes de tecnologia importada para reabilitar pessoas com deficiência auditiva. Os AASIs [Aparelhos de Amplificação Sonora Individual] e os implantes cocleares têm valores altíssimos. Uma tecnologia predominantemente nacional, portanto mais barata, permitiria aumentar o número de pacientes atendidos com os mesmos recursos financeiros atuais, além de diminuir as filas gigantescas. Seria um avanço sem precedentes para as políticas públicas em nosso país”, avalia o superintendente Carlos Santos.
A tabela vigente do SUS prevê até R$ 1.100,00 para custear cada AASI – conforme o tipo de aparelho – e R$ 43.830,15 para cada implante coclear. Os valores referem-se somente aos dispositivos, sem contar custos ambulatoriais, de procedimento cirúrgico e hospitalares.
Segundo dados da última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019) – realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, 1,1% da população tinha deficiência auditiva, isto é, 2,3 milhões de pessoas apresentavam muita dificuldade ou não conseguiam ouvir de modo algum.
Os serviços de saúde auditiva do HRAC e da FOB em Bauru formam o maior polo do país em atendimento audiológico exclusivamente pelo SUS, somando mais de 30 mil pacientes ativos.
InovaUSP
O Centro de Inovação da Universidade de São Paulo (InovaUSP) foi criado para articular iniciativas de inovação e empreendedorismo e dinamizar a interação com o meio externo. Estrutura ligada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI), conta com unidades em Ribeirão Preto, São Carlos e São Paulo.
(Imagem de capa: Workshop reuniu pesquisadores da USP de Bauru e São Carlos e também de outras instituições. Foto: Tecnologia Educacional/FOB-USP)