HRAC-USP inaugura Laboratório ‘Antonio Richieri-Costa’ nesta sexta, 02/09
Espaço homenageia médico geneticista reconhecido mundialmente – falecido em 2019 – e servirá de apoio para o desenvolvimento de pesquisas
O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da Universidade de São Paulo (USP) inaugura, nesta sexta-feira, 02/09/2022, às 11h, o Laboratório de Dismorfologia e Sindromologia “Antonio Richieri-Costa”. A solenidade reunirá dirigentes, docentes, profissionais e estudantes da USP-Bauru.
Localizado no piso superior da Unidade 1 do HRAC-USP, o Laboratório servirá de apoio para o desenvolvimento de pesquisas em Genética por alunos de graduação, pós-graduação e residentes. A proposta foi uma iniciativa da equipe da Seção de Genética Clínica e Biologia Molecular e aprovada pelo Conselho Deliberativo do HRAC-USP.
“Esta é uma justa homenagem ao vasto legado do Doutor Richieri, brilhante médico geneticista que atuou por mais de três décadas em nossa instituição, reconhecido como um dos grandes expoentes mundiais no campo da genética craniofacial”, destaca o professor Carlos Ferreira dos Santos, superintendente do HRAC-USP.
Para a bióloga Nancy Mizue Kokitsu Nakata, chefe técnica da Seção de Genética Clínica e Biologia Molecular do HRAC-USP, “sua incessante observação, o seguimento dos pacientes, o levantamento de histórias familiais e a comparação de fenótipos [características físicas do indivíduo], posteriormente aliados à evolução tecnológica na área da genética molecular, possibilitaram o conhecimento da história natural de condições raras”.
Nancy ressalta que “a forma humilde com que [o Dr. Richieri] atendia e acolhia os pacientes e familiares, a busca incansável pelo conhecimento, a generosidade em transmiti-lo, e suas importantíssimas contribuições permanecem vivas entre nós, o que nos fortalece a dar continuidade ao seu legado, de forma a assumir o nosso trabalho com dedicação, comprometimento e respeito ao paciente”.
“A genética é fascinante. A forma como alterações microscópicas em sequências de nucleotídeos [modificações mínimas no DNA] podem impactar a vida das pessoas, da cor dos olhos a doenças diversas. Nesse mundo infinito, meu pai se dedicou a um ‘pequeno’ espectro, das anomalias craniofaciais. Nós da família desejamos que esse laboratório de sindromologia instigue e desperte o interesse dos alunos, e contribua para os geneticistas da instituição na continuidade das pesquisas na área”, pontua o médico Flavio Richieri Costa (filho do Dr. Antonio Richieri), que também atua no HRAC-USP, como anestesiologista.
Reconhecimento mundial
Falecido em 02/08/2019, aos 73 anos, o bauruense Antonio Richieri-Costa graduou-se em Medicina e fez residência em Neurologia Clínica pela Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Obteve os títulos de doutor em Genética pelo Instituto de Biociências (IB-USP) e de livre-docente pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP).
Atuou como médico geneticista do HRAC-USP por 33 anos (1986-2019), onde foi pioneiro na área de Genética Clínica e também orientador permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação.
O trabalho em Genética desenvolvido no HRAC-USP sob sua liderança é internacionalmente reconhecido, resultando inclusive na descrição de uma síndrome rara, no ano de 1992, denominada Síndrome Richieri-Costa-Pereira (cujo gene responsável foi identificado em 2012 pelo mesmo grupo do HRAC-USP em colaboração com a equipe do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do IB-USP).
Dr. Richieri foi um dos grandes incentivadores da criação da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM) e sócio honorário da entidade. Também foi um respeitado pesquisador, com a publicação de mais de mais de uma centena de artigos científicos, como membro do grupo de estudos em anomalias congênitas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e por integrar estudos de grande relevância – entre eles o Projeto Genoma –, além de coordenar pesquisa sobre a importância do ácido fólico na prevenção das anomalias craniofaciais congênitas, em conjunto com a Universidade de Iowa (Estados Unidos).