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Simulação de explosão reúne universidades, bombeiros e Samu em Bauru

Ação encerrou a Jornada da Medicina FOB-USP, com capacitação das equipes de urgência e formação dos estudantes   

Foto: Márcio Antonio da Silva, HRAC-USP

Uma simulação de acidente com múltiplas vítimas, no último dia 14 de novembro, reuniu universidades, Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em uma das maiores ações coordenadas desse tipo em Bauru. Com a atuação direta de mais de 80 pessoas, a explosão simulada foi realizada no ginásio de esportes da escola SESI de Bauru.

Participaram da atividade como vítimas 25 estudantes dos cursos de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP) e Uninove e de Enfermagem da Faculdade Anhanguera, Faculdades Integradas de Bauru (FIB) e Universidade do Sagrado Coração (USC). Eles foram caracterizados por diferentes tipos de maquiagem, de acordo com as lesões e gravidades simuladas, desde ferimentos leves, moderados e graves, até óbito. Também atuaram 25 avaliadores (estudantes de Medicina da FOB-USP), além de 20 membros do Corpo de Bombeiros e 13 do Samu, com viatura de comando de área, ambulâncias, caminhão de incêndio e equipes de suporte básico e avançado.

Foto: Márcio Antonio da Silva, HRAC-USP

Segundo o professor Gerson Alves Pereira Júnior, vice-coordenador do curso de Medicina da FOB-USP, a ação foi uma “excelente oportunidade para avaliar a qualidade do atendimento prestado e aprimorar o plano de contingência deste tipo de ocorrência, servindo tanto para a capacitação das equipes de atendimento pré-hospitalar como para a formação dos estudantes”.

“Para isso, os avaliadores [estudantes com uniforme verde e pranchetas com checklist] marcaram todos os tempos dos procedimentos. O objetivo é sabermos – tanto na triagem inicial dos bombeiros, como no transporte das vítimas para o posto médico avançado do Samu, com as lonas vermelha, amarela, verde e cinza, que são os óbitos – se o quadro clínico é detectado, se os procedimentos adequados são feitos e se a sequência está correta. Nas próximas semanas, vamos compilar esses dados e fazer um debriefing [avaliação geral], mas a avaliação inicial é que o resultado foi bem positivo”, explicou.

O professor informou ainda que as simulações futuras deverão incluir a colocação do paciente na ambulância, o transporte até as unidades de saúde e o atendimento simulado nessas unidades.

Pereira Júnior salientou que “essa vivência, desde o início da formação, é muito importante para os estudantes entenderem a classificação de gravidade e encaminharem os pacientes para os serviços de saúde de complexidade adequada dentro da rede de atenção às urgências”.

Sobre o papel da Universidade nesse tipo de ação extramuros, de extensão à comunidade, o professor ressaltou que “a academia vem contribuir com essa integração dos serviços de urgência, das organizações da sociedade civil e das corporações, para que, numa situação real, já se tenha um preparo adequado”.

Foto: Tiago Rodella, HRAC-USP

A atuação dos bombeiros na atividade foi detalhada pelo tenente José Mario de Freitas Júnior, comandante do Posto de Bombeiros de Bauru. “Primeiramente, dividimos o local por setores de risco: zona quente, zona morna e zona fria. Na zona quente simulamos uma explosão com múltiplas vítimas. A nossa equipe de resgate e combate a incêndio fez o acesso nesse local, uma simulação de combate aos focos de incêndio e a retirada rápida das vítimas para um local mais seguro [zona morna], para então triar essas vítimas por nível de gravidade, imobilizá-las, e depois transportá-las para o posto médico avançado [zona fria]”.

Foto: Márcio Antonio da Silva

De acordo com Freitas, “é extremamente importante esse tipo de simulado, principalmente para o ajuste fino do trabalho em equipe. Corpo de Bombeiros e Samu são instituições diferentes, com padrões de atendimento diferentes. É uma oportunidade de integrar esses serviços, treinar e adaptar as funções para atender melhor a população”.

 

Foto: Tiago Rodella, HRAC-USP

Já o médico Rafael Arruda Alves, diretor do Departamento de Urgência e Emergência do município de Bauru, explanou que “a atuação do Samu, em atividade integrada com o Corpo de Bombeiros, é prestar atendimento às vítimas no local e removê-las, conforme a gravidade, para as unidades pré-hospitalares fixas, as UPAs [Unidades de Pronto Atendimento] e o Pronto Atendimento Central. Os bombeiros entram no local onde ocorreu o acidente, chamado de zona quente, até mesmo em razão dos mecanismos de proteção que eles têm, e removem os pacientes para a chamada zona morna, onde já tem uma primeira equipe do Samu que ajuda o bombeiro a fazer a triagem para a zona fria”.

“Essa capacitação vem preparar as equipes para um evento real. Esperar o acontecimento para depois discutir os erros das equipes pode custar vidas. Com essa ação, podemos treinar as equipes para minimizar os erros em um evento real, e assim salvar o máximo de vidas possível”, destacou.

Da atuação da Brigada de Incêndio da escola – a partir da ligação telefônica para o 193 – até a chegada dos bombeiros no local foram seis minutos, e o tempo é um elemento primordial em urgência. A ação completa, com a remoção e encaminhamento de todas as vítimas até estarem prontas para o transporte às unidades de pronto atendimento, teve duração aproximada de 45 minutos.

Foto: Márcio Antonio da Silva, HRAC-USP

Empatia
O estudante da primeira turma do curso de Medicina da FOB-USP Matheus Borges de Souza, de 19 anos, teve uma experiência especial com a atividade. Ele foi vítima com ferimentos leves e, na simulação, tinha esposa gestante com quadro que evoluiu de moderado para grave.

“Hoje foi bem diferente estar do outro lado, como vítima, e uma vítima distratora, que dificulta o trabalho das equipes. Ajuda até a gente a exercitar a empatia, saber como a vítima se sente e entender melhor as suas necessidades. Acredito que foi muito importante e ajudará quando eu for realmente prestar o atendimento”, relatou.

“No curso, temos um grande enfoque no trabalho multiprofissional, das várias áreas da saúde, das equipes do Samu, dos Bombeiros, então foi muito legal ver esse trabalho em conjunto de simulação, que é uma forma realista de aprendermos”, completou.

Jornada de Medicina
A ação de simulação encerrou a programação da 1ª Jornada Acadêmica do Curso de Medicina da FOB-USP, realizada entre 12 e 14 de novembro, em Bauru, e organizada pelos estudantes da primeira turma do curso.

Com a temática “Intersecção entre assistência social, saúde e educação”, o evento foi voltado a estudantes e profissionais dessas áreas e a todos os interessados.

De acordo com Ellen Lima Marteli, integrante da Comissão Organizadora da Jornada, o objetivo foi discutir situações vivenciadas no dia a dia da rede pública de saúde e que implicam as diversas áreas profissionais. Entre os palestrantes estiveram docentes, profissionais, autoridades e especialistas nos diversos temas, entre outros convidados.

Eliane Maria Rocha Dias, representante da Secretaria Municipal de Educação; José Eduardo Fogolin Passos, secretário municipal de Saúde; José Sebastião dos Santos, coordenador do curso de Medicina da FOB-USP e superintendente do HRAC-USP; Guilherme Janson, vice-diretor da FOB-USP; e José Carlos Fernandes, secretário municipal de Bem-Estar Social, durante a abertura da Jornada. Foto: Márcio Antonio da Silva, HRAC-USP

A Jornada teve início na manhã do dia 12 de novembro, no Teatro Universitário do campus da USP em Bauru, com a discussão “Fragmentação dos três setores: Saúde, educação e assistência social”. Participaram da mesa Guilherme Janson, vice-diretor da FOB-USP; José Sebastião dos Santos, coordenador do curso de Medicina da FOB-USP e superintendente do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho-USP); os secretários municipais José Eduardo Fogolin Passos (Saúde) e José Carlos Augusto Fernandes (Bem-Estar Social); e Eliane Maria Rocha Dias (representante da Secretaria Municipal de Educação). Também estiveram presentes na abertura Graziela de Almeida Marafiotti, coordenadora do Conselho Municipal de Saúde de Bauru, e José Eduardo Amantini, representando o deputado estadual Pedro Tobias. Na sequência, aconteceu a palestra “Inclusão de pessoas com deficiência”.

No período da tarde, foram ministrados o minicurso “Abordagem de pessoas com deficiência” e workshops de Meditação e de Yoga. À noite, ocorreu a palestra “Saúde mental: Abordagens das doenças mais prevalentes na atualidade”.

No segundo dia de Jornada, 13 de novembro, no período da manhã, foi ministrada a palestra “Abordagem das populações vulneráveis pela saúde, educação e assistência social”. À tarde, foram realizados o minicurso “A dependência química e suas facetas” e a palestra “Racismo e empoderamento das famílias”. Já no período da noite, ocorreu a conversa “O empoderamento das minorias” e encerramento com momento musical.

(Reportagem: Tiago Rodella, HRAC/USP-Bauru)

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Vídeos da simulação:

 

 

 

Assessoria de Imprensa HRAC-USP

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