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HRAC-USP integra rede mundial em prol do tratamento da fissura labiopalatina

Iniciativa visa buscar soluções para a assistência aos pacientes em tempos de pandemia                   

A pandemia do novo coronavírus impôs inúmeros desafios ao tratamento da fissura labiopalatina – assim como a diversos outros tipos de tratamentos –, a começar pelos riscos para a saúde dos pacientes, familiares e da equipe multiprofissional.

Além disso, a readequação das normas de biossegurança – com limitação das cirurgias e atendimentos ambulatoriais –, somada à dificuldade de acesso aos centros de referência – que, muitas vezes, requer longos deslocamentos –, pode impactar na oferta de serviços e acarretar uma menor adesão ao tratamento, aumentando o índice de absenteísmo (falta).

Com o objetivo de minimizar esses efeitos, o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP em Bauru participa, desde setembro de 2020, a convite da Smile Train (instituição parceira do Hospital) e com apoio da Superintendência, de uma iniciativa global que tem como objetivo principal propor soluções para o tratamento integral da fissura labiopalatina em tempos de covid-19, chamada Solutions for Comprehensive Cleft Care – S4CCC (Soluções para o Tratamento Integral das Fissuras).

Promovida pelo Circle of Cleft Professionals (CoCP) – uma rede mundial de profissionais, líderes e organizações da área de fissura labiopalatina –, a iniciativa contou primeiramente com a conferência virtual “S4CCC – Respondendo à Covid”, ocorrida em 17/09/2020 e que teve a participação de 140 profissionais de mais de 30 países, incluindo profissionais do HRAC-USP.

Em março de 2021, dois profissionais do HRAC-USP foram selecionados para participar dos chamados “Solutions Groups – SG”, grupos interdisciplinares compostos por especialistas de diversas partes do mundo envolvidos no tratamento da fissura labiopalatina com o objetivo de explorar desafios relacionados à pandemia, especialmente em contextos de baixa e média renda.

Esses grupos estão divididos nos seguintes tópicos: SG 1: Ampliando a telessaúde para o tratamento integral; SG 2: Avaliando resultados durante a pandemia – com a participação do professor Cristiano Tonello, cirurgião craniofacial, chefe técnico do Departamento Hospitalar do HRAC-USP e docente do Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP), e da fonoaudióloga Melissa Zattoni Antoneli, chefe técnica da Seção de Fonoaudiologia do HRAC-USP; SG 3: Adaptando e refinando protocolos de tratamento; e SG 4: Promovendo o engajamento das famílias.

Além dos dois profissionais do HRAC-USP, o Brasil é representado pelo cirurgião plástico Rui Pereira, coordenador do Centro de Atenção aos Defeitos da Face (Cadefi) do Instituto de Medicina Integral “Prof. Fernando Figueira” (IMIP), de Recife (PE), que participa do SG 3. Os grupos interdisciplinares também contam com membros dos seguintes países: Canadá, Estados Unidos e México (América do Norte); Costa Rica (América Central); Chile, Colômbia, Equador e Peru (América do Sul); Bulgária, Irlanda e Reino Unido (Europa); Etiópia, Malawi, Nigéria, Quênia e República Democrática do Congo (África); e Bangladesh, Índia e Tailândia (Ásia).

Documento com recomendações
No próximo dia 02/06/2021, o Circle of Cleft Professionals (CoCP) promoverá a conferência on-line “S4CCC – Covid e Além”, das 9h às 13h (horário de Brasília). Cada grupo realizará uma apresentação de 70 minutos na conferência, seguida de um espaço para discussões. O objetivo é disseminar e aprimorar as descobertas e recomendações desses grupos interdisciplinares globais que estão atualmente estudando os principais desafios criados pela pandemia de covid-19.

Reunião do SG 2 ocorrida no dia 22/04/2021, com a participação de especialistas do HRAC-USP. Imagem: Reprodução

Em preparação para este evento, desde abril de 2021, os grupos temáticos têm se reunido por meio de plataforma digital para as discussões e proposições. Após a conferência de junho de 2021, um documento com as recomendações estabelecidas será elaborado e divulgado.

“Esses grupos interdisciplinares contam com vários profissionais de grande reconhecimento internacional na área de fissuras labiopalatinas, em alguns casos liderando grandes pesquisas e inovações na área. Essa troca entre centros de diversas nacionalidades que têm a mesma missão é muito valiosa e, certamente, contribuirá com soluções para o melhor enfrentamento da pandemia”, avalia a fonoaudióloga do HRAC-USP Melissa Zattoni Antoneli.

Telessaúde como aliada
A fonoaudióloga destaca que a telessaúde (uso de recursos e tecnologias da informação e comunicação para atividades a distância relacionadas à saúde) é uma das principais aliadas nesse contexto de pandemia.

“Para uma condição como a fissura labiopalatina, que requer um tratamento especializado, multidisciplinar e de longo prazo, a não observância das etapas e condutas do protocolo de tratamento na época ideal pode trazer prejuízos variados para o paciente. Por exemplo, se uma fissura no palato não for corrigida por volta de um ano de idade, a criança irá vivenciar um período intenso do desenvolvimento da linguagem oral na presença da malformação, aumentando as chances de se instalar um distúrbio de fala. Assim, nesse contexto de pandemia, uma das soluções mais discutidas nos grupos interdisciplinares é a implementação e o aperfeiçoamento das estratégias em telessaúde”, ressalta Antoneli.

“Na Fonoaudiologia, por exemplo, a família de uma criança que aguarda a cirurgia de palato pode realizar um teleatendimento com o fonoaudiólogo especialista, que irá atuar na prevenção dos distúrbios da fala, na tentativa de minimizar o impacto negativo de uma cirurgia tardia, ou mesmo evitar o deslocamento da família para as orientações iniciais, em caso de possibilidade cirúrgica na época preconizada”, completa.

No HRAC-USP, desde abril de 2020 – ainda no início da pandemia –, baseada em Recomendações emitidas pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa), a equipe de Fonoaudiologia do Hospital passou a prestar assistência por meio da teleconsulta, com orientações iniciais aos pais e profissionais; prevenção relacionada à alimentação, fala e audição; avaliação e terapia de fala; entre outros.

“A telessaúde se consolidou durante a pandemia como um recurso para o enfrentamento das limitações que surgiram, e hoje este recurso se soma às abordagens tradicionais de atendimento. Atualmente, a equipe de Fonoaudiologia mantém as teleconsultas paralelamente aos atendimentos presenciais”, conclui a fonoaudióloga.

Circle of Cleft Professionals
O Circle of Cleft Professionals (CoCP) tem como membro fundador a organização Transforming Faces, do Canadá. Informações adicionais sobre a iniciativa estão disponíveis no site http://transformingfaces.org/cocp/.

Profissionais interessados em se tornar membros do CoCP podem preencher o formulário disponível em http://www.surveymonkey.com/r/CoCP2021. Todos os membros têm acesso aos recursos do CoCP, que incluem artigos, atualizações de projetos, histórias e links compartilhados para profissionais. Os membros também têm a oportunidade de compartilhar suas próprias pesquisas ou publicações nos recursos do CoCP.

Assessoria de Imprensa HRAC-USP

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